quarta-feira, 30 de março de 2011

Atrito entre Luxemburgo e torcida: política ou paixão? Ou os dois?

Depois destes três últimos jogos sem vitória do Flamengo, a paz, que parecida imperar na Gávea, deu uma sumida. O time - é bem verdade - ainda não perdeu, mas as vitórias, mesmo inconvincentes, ficaram para trás. O motivo pode ser atribuído a um relaxamento por já estar na final, ou então pelos desfalques, algo que pouco aconteceu com o time no primeiro turno.

Crédito: Márcia Feitosa- Vipcomm
Mas o ponto é que o veto a Adriano – que para o povão foi de Luxemburgo – somado aos três empates azedou o clima na Gávea. O Imperador é ídolo do rubro-negro. Creio que um menos passional não quisesse seu retorno, mas, como razão não combina muito com futebol, é a ínfima minoria.

Luxa acusa a politicagem do clube pelos últimos protestos, que pedem a sua saída. Também estranhei este tipo de manifestação, embora ache aceitável os gritos de “Adriano”, ainda mais para um time que não tem um centroavante. Quem sabe essa postura não possa ser traduzida em: “contrate um atacante decente que a gente para de falar Adriano?”

São totalmente compreensíveis as posições tanto Vanderlei Luxemburgo como a da presidente Patrícia Amorim. O primeiro deixando claro que não queria e não dando ouvidos ao apelo popular. Já a presidente não dizia nem que sim nem que não. Dessa forma não se queima com a torcida (ou queimava, já que Adriano agora é da Fiel), tampouco com Luxemburgo, o homem a quem ela entregou as chaves do departamento de futebol do clube.

Nesse imbróglio, não há quem esteja certo, nem errado, por enquanto. O mais provável que acontecesse é que Adriano fosse o mesmo da última vez. Tumultuando o ambiente fora de campo (faltando treino, chegando atrasado, inventando bolha no pé), mas dentro dava conta do recado, quase sempre. Tem gente que acha que vale a pena, outros não.

Entretanto, no futebol, a linha entre a idolatria e a execração é muito tênue. Adriano pode dar um título brasileiro – como deu – , mas também pode contribuir para que o time fracasse numa Libertadores, como contribuiu. Sem contar que perdeu um pênalti decisivo na final do Carioca. Apesar dos pesares, seu saldo é bem positivo. Para o alívio (ou não) do treinador, o Imperador já selou seu destino.

A questão é complexa, mas acima de Luxemburgo, de Adriano e do próprio desejo do torcedor (nem sempre a torcida sabe o que é melhor para o clube), está a instituição, que neste caso é representada pelo time de futebol. E esta está sendo a maior prejudicada.


terça-feira, 22 de março de 2011

Joel pediu demissão, mas foi a diretoria que o derrubou

A saída de Joel Santana já estava desenhada desde a primeira rodada do Carioca, quando Loco Abreu, dissimuladamente, criticou o esquema tático. Na queda de braço do ídolo com o simpático treinador, venceu o fazedor de gols, ainda mais no coração do torcedor. Mas não foi o uruguaio o culpado por esse desfecho. Foi a infeliz diretoria. Que além de não saber contornar a crise entre os dois, não deu o respaldo necessário para que Joel desse continuidade ao trabalho. À torcida, obviamente, faltou inteligência e respeito. Dizem que a paixão cega.

O tal respaldo pode ser compreendido de duas formas. O primeiro seria uma retaliação firme a Loco Abreu, quando o mesmo, ainda no Campeonato Brasileiro do ano passado, reclamou do técnico ao ser substituído contra o Prudente. O departamento de futebol não fez o que tinha que fazer, embora naquele momento o assunto parecesse encerrado. O segundo ao montar esse elenco limitadíssimo, com apenas um meia de ofício (Cajá) e que foi liberado para o futebol chinês. Liberado, sim, pois o Botafogo não tinha a obrigação de deixá-lo sair! Reposição? Nem pensar. Depositar esperança em Everton é brincadeira.

Claro que Joel cometeu erros durante todo esse tempo em que esteve à frente da equipe, especialmente na formação do atual elenco. Se acompanhase mais futebol, poderia pedir este ou aquele jogador, mas deixou tudo nas mãos de Anderson Barros.  Mesmo assim, teve muito mais mérito do que culpa. Com nenhum outro técnico do planeta o Botafogo seria campeão carioca. A sexta colocação no Campeonato Brasileiro foi normal para o elenco que possuía (um grande goleiro, dois bons zagueiros, um bom volante após entrada de Marcelo Mattos e três homens de frente muito bons – Loco, Jobson e Maicosuel). Joel vacilou feio na reta final, quando teve medo de vencer times como o Inter reserva, Avaí e Ceará. Ele poderia ser campeão, mas foi apenas sexto.

Hoje o Botafogo perde mais do que Joel. A diretoria está num beco sem saída. Com exceção feita a Adilson, não vejo ninguém no mercado em condições de trabalhar no Botafogo, mas, independente de quem vier, será impossível chegar longe na Copa do Brasil ou ser campeão estadual.

Maicosuel, que para os dirigentes do Botafogo é visto com o Pelé dopado, só volta em junho. Até lá, o time é esse. E o único cara que poderia fazer mágica, eles não conseguiram segurar. Para completar o show de incompetência, a diretoria abriu mão do pagamento da multa rescisória, mas não fez nenhuma objeção quanto ao próximo trabalho de Joel. Eu, no lugar deles, abriria mão do pagamento da multa, mas não aceitaria que ele fosse direto para o Fluminense, concorrente direto no Estadual. Se bem que olhando tanta trapalhada, seria inocência minha achar que tem alguém querendo ser campeão ali.

domingo, 13 de março de 2011

Peter Siemsen mostrou ser 'laranja' de grupo político, mas quem tirou Muricy do Fluminense foram os resultados (de momento)

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Não sou setorista do Fluminense, nem sou torcedor, mas desde o último sábado venho acompanhando atentamente toda essa crise nas Laranjeiras. E confesso ter ficado indignado com o final da história. O clube não podia se dar ao luxo de perder Muricy Ramalho, mas, por incompetência e inabilidade da direção, perdeu.

A realidade é que apenas eles (cartolas e Muricy) sabem os verdadeiros motivos para a história ter acabado assim. Para a imprensa, até à coletiva do presidente após o Fla-Flu, o treinador tinha saído por causa da demissão de Alcides, na tarde de sábado. Porém, Peter negou essa possibilidade e disse que o treinador havia pedido o boné na manhã de sábado. Ou seja, até então, Alcides Antunes estava no cargo. Não acredito nesta versão - a feição dele na coletiva, sem encarar os jornalistas, reforça minha opinião. Caso seja verdade, o que causou a saída do técnico foram dois fatores: a falta de perspectiva na mudança de mentalidade da direção e – não podemos esquecer – os resultados! Afinal, alguém acha que, se o Fluminense estivesse na final do Carioca ou com a classificação na Libertadores bem encaminhada, ele sairia? No futebol, são eles que mandam. Uma covardia? Também acho.

Pelo lado do presidente – que tinha a preferência do patrocinador nas eleições, e o patrocinador queria a permanência de Alcides Antunes -, a impressão que passou foi de ser apenas um testa de ferro, uma marionete, que o grupo político que o apoiou, usa par atingir seus objetivos. Dois fatores me chamaram atenção em todo esse assunto:

1º- Como o cidadão me demite o vice de futebol na véspera de um Fla-Flu? A poucos dias do jogo do ano, contra o América-MEX!

2º - Foi o cúmulo do ridículo ele dizer que conheceu, de fato, o Muricy Ramalho na madrugada anterior ao clássico! Um absurdo! Como o presidente de um clube, essencialmente de futebol, só tem uma conversa mais aprofundada com o treinador – e olha que não é qualquer treinador – quando o cara já pediu para sair? Foi uma grande prova de incompetência e de que está na função errada. Como ele mesmo disse, está há apenas dois meses na presidência. O que será que ainda vem por aí?

Muricy, apesar do vacilo de sair através de nota oficial, desconsiderando o torcedor, saiu por cima e com certeza vai arrumar um lugar melhor do que as Laranjeiras para trabalhar. Foi campeão brasileiro, acabando com um jejum de 26 anos de um clube que é dirigido mais pelo patrocinador do que pelo presidente e que não oferece boas condições de trabalho. Para um cara que em toda a carreira sempre respeitou seus contratos, abrindo mão até da ,Seleção Brasileira, podemos imaginar o que ele teve de aguentar.

Mais uma vez, o jogo político, a disputa por poder, o ego dos engravatados, atropela o que está acima de todos: a instituição e a razão de ela existir, que é a sua torcida. Tenho certeza de que há muito mais coisa por trás desta crise, mas não sei se a verdade vai aparecer.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Ainda sem convencer, Flamengo está com a faca e o queijo na mão para conquistar o Carioca 2011

Vejo o Flamengo com todas as condições de repetir o feito do Botafogo em 2010. O panorama é excelente. Ronaldinho marcando gols, as vitórias - mesmo sem convencer - acontecendo, o time permanece invicto na temporada e o assunto Adriano foi deixado de lado (por enquanto). A bonde sem freio está longe de jogar um futebol brilhante, mas a tranquilidade de já estar na final faz do rubro-negro um time mais seguro. No futebol as coisas mudam muito rápido, mas o Fla não dá a entender que vá sair do trilho. Deve se classificar com tranquilidade para a semifinal e, por isso, joga por apenas duas vitórias para ser campeão.

Com mudanças pontuais, na maior parte das vezes, Luxemburgo consegue repetir a escalação. Não perdeu ninguém por lesão até agora. Isso significa muita coisa. Quando ele mexe no time, é porque treinou, não por necessidade ou emergência. Bem diferente de Botafogo e Fluminense, que sofrem muito com as contusões.

Com relação aos outros times psotulantes ao título, vejo um futuro bem diferente para cada um. Uns vêm perdendo, e outros recebendo peças importantes Após as últimas mudanças no mercado da bola – chegada de Diego Souza no Gigante da Colina e saída de Renato Cajá no Alvinegro (que a diretoria prometeu NÃO repor) – a tendência é que o time de São Januário melhore consideravelmente. Vai que esse tal de Chaparro é bom e o Leandro Gianechini reencontra seu futebol da época de Flu e SP? O cenário muda bastante.

Já para o Glorioso, não vislumbro um grande futuro. A defesa, graças ao Jeferson, melhor goleiro do Brasil na atualidade, se segura, mas do meio para a frente o time é uma calamidade. Loco pouco e mal acionado, Herrera péssimo tecnicamente, e Everton tendo toda a responsabilidade de criar as jogadas ofensivas. Joel Santana fará mais um milagre se o Botafogo chegar à sua sexta final consecutiva.

O time de Muricy Ramalho é o mais imprevisível. Com a delicadíssima situação na Libertadores – para mim já está eliminado -, vai com tudo para estes três últimos jogos. Vencendo o próximo, a luz ainda estará piscando no fim do túnel. A esperança fica depositada num retorno triunfal de Fred e Deco, e em Conca recuperar o seu bom futebol. Assim, quem sabe, o milagre pode acontecer.

Por outro lado, um tropeço já no próximo jogo pode mexer demais com o clube, o que não sei se faria com quem a equipe tenha condições de se recuperar psicologicamente a tempo de dar a volta por cima no Estadual.

Só mais uma coisa. O Berna não me engana. Até quando faz uma defesa aparentemente difícil ele mostra ter pouca técnica, falta de jeito, muito deficiente e aquém das necessidades de um time que sonha conquistar a América. Podem anotar: ainda vai entregar. Sem querer julgar as escolhas do Muricy, até porque não estou lá no dia a dia acompanhando os treinamentos. Mas, pelo que eu já vi os dois produzirem na carreira, insistiria com o Cavalieri.

quinta-feira, 10 de março de 2011

As críticas aos grandes são merecidas, mas existem, sim, bons times pequenos no Brasil

Tenho ouvido muitas críticas aos times grandes, não só do Rio de Janeiro, pelo sufoco que volta e meia vêm passando diante dos menores. Como se os times mais modestos fossem obrigados a serem ruins. E, felizmente, a realidade está longe de ser essa. Exemplos não faltam. E, na minha humilde opinião, o mais significativo e recente de todos eles foi a final do Campeonato Paulista do ano passado. O Santos, de Robinho, Neymar e Ganso, que encantou o país, podia (merecia seria um exagero) ter perdido a taça tranquilamente para o Santo André, de Nunes, Bruno César, Rodriguinho e Branquinho, se não fosse um erro grosseiro da arbitragem a seu favor.

Nestes últimos dias essa minha impressão passada no título do post ganhou mais corpo. Vejam só: Corinthians perdeu da Ponte no Pacaembu. No Olímpico, o Grêmio empatou com o Caxias na bacia das almas, o Nova Iguaçu engoliu o Botafogo, que quase foi eliminado da Copa do Brasil pelo River-SE. Se não fosse a péssima arbitragem de Djalma Beltrami (NOVIDADE!!), não sei se o Flamengo derrotaria o Bangu, aos 51' do segundo tempo (não estou discutindo se os acréscimos foram justos ou não), na penúltima rodada o Resende massacrou o Fluminense, o Cruzeiro não conseguiu derrotar o Tupi... O Vasco então, nem se fala! Na maioria das vezes,  mesmo aos trancos e barrancos e com ajuda da arbitragem, o grande acaba se dando bem no fim das contas. Mas quando não se dá, a porrada dói. A eliminação do Flu para o Boavista é um exemplo.

É bastante comum e tradicional que, em campeonatos estaduais ou até mesmo em mata-matas- o chamado 'tiro-curto' -, um time de menor expressão chegue à final ou, eventualmente, conquiste o título. No atual Campeonato Carioca, Bangu, Olaria e Nova Iguaçu possuem boas equipes, não elencos. Sem esquecer do Boavista, que me agrada menos do que estes três, mas chegou à final.

Não estou defendendo que a torcida 'pegue leve' na cobrança com os clubes de renome, muito pelo contrário. Afinal, não dá para comparar o investimento, a tradição, as torcidas e a estrutura (em alguns casos), mas a temporada ainda está engatinhando. Embora estejamos em meados de março, e o preparo físico já não seja a grande diferença entre os dois extremos, mas por estarem treinando há mais tempo, o entrosamento, somado à carência de jogadores que façam a diferença, as forças se equilibram. Sem esquecer que não dá para mensurar a motivação que um jogador do Caxias tem em enfrentar o Grêmio, e vice-versa. Também não serve de desculpa pelo mau futebol apresentado, mas as coisas são assim.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Botafogo e Fluminense mal. A culpa é de quem?

Depois dos resultados desta quarta-feira, de Botafogo e Fluminense, acho que vale a pena cada um considerar quão importante, ou melhor, qual o tamanho da culpa de um resultado bom ou ruim é do treinador?

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Os grandes jogadores brasileiros – numa escala cada vez menor – estão fora do país. Com raras exceções , na minha opinião apenas Neymar e Ganso, são jogadores de primeira linha do futebol brasileiro. Claro que Fred e Ronaldinho Gaúcho também são grandes jogadores, mas, por uma questão ou outra, que não vale a pena debater agora, não têm mais espaço em times de primeira linha do futebol europeu. Sim, Ronaldinho estava no Milan, mas era reserva. Parando para pensar, são poucos os craques brasileiros que atuam na Europa. Craque mesmo não há, mas temos grandes jogadores como Hernanes, Pato, Thiago Silva, Nilmar, Daniel Alves, Kaká...Esses não voltam tão cedo.

Cada time grande tem lá seus dois ou três principais “craques”. Consequentemente, a tal boa fase de cada equipe é diretamente ligada ao desempenho dessas peças. Qualquer time top do Brasil, na ausência ou então quando seus melhores jogadores não estão em suas melhores condições físicas ou técnicas, fica comprometido. E quem paga o pato? O técnico.

Vou me ater ao Botafogo e ao Fluminense. Quando Joel Santana e Muricy tiveram seus principais jogadores à disposição, o trabalho era exaltado. Agora, quando ambos não os têm, só se ouve críticas. O time “ideal” do Botafogo, acredito eu, é o seguinte: Jefferson, Lucas, Antonio Carlos, Fabio Ferreira e Marcio Azevedo; Arevalo, Marcelo Mattos, Renato Cajá e Everton; Maicosuel e Loco Abreu. Contra o River, cinco desses 11 não jogaram. Nada mais nada menos que os dois melhores da equipe (Maicosuel e Loco Areu). Claro que não justifica o sufoco para se eliminar um adversário tão frágil, mas devido à pressão sofrida nos últimos dias, a qualidade, que já não à alta, cai ainda mais.

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Mesmo caso, ou até mais grave, acontece no Fluminense. Há muito tempo a diretoria (patrocinador) investe pesado para montar um time forte. Aos trancos e barrancos, com mais dificuldade do que deveria haver (pelos desfalques), o time conquistou o Brasileirão do ano passado. O time principal do Fluminense, hoje, é, ao lado do Santos e Cruzeiro, um dos melhores do Brasil. Mas não vai passar da primeira fase da Libertadores. Os motivos são dois: um grupo complicadíssimo e, obviamente, as ausências. O melhor que Murici poderia pôr em campo seria: Cavalieiri, Mariano, Gum, L. Euzébio e Carlinhos; Diguinho, Edinho, Conca e Deco; Emerson e Fred. Além de jogadores como Belleti, Souza e Araújo no banco. Com o time que está jogando (Tartá, Marquinho, Rafael Moura...) – sem esquecer que Conca está voltando de uma cirurgia – o Fluminense vai penar para ganhar de alguém.

O Flu talvez seja a equipe com mais “bons jogadores” do Brasil, mas esses caras não entram em campo, não suam a camisa, enfim, não jogam. O Sheik mal jogou o Campeonato Brasileiro do ano passado, mas a pelada de fim de ano do Zico ele não perdeu. Este ano ainda não estreou.
Agora, dia 3 de março, o time está eliminado da Libertadores (salvo um milagre). Como arcar com os salários de tantas “estrelas” até o fim do ano? Como obter retorno?

Para os torcedores de Botafogo e Fluminense, vou me permitir copiar a frase que a torcida do Santos exibiu numa faixa (numa padaria) para protestar contra o ex-técnico Adílson. Muito faz quem não estorva. Quando seu time estiver passando por uma fase dessas, o apoio é melhor solução. Não sei, sinceramente, de quem é a culpa. Só sei que não é do treinador.