Depois destes três últimos jogos sem vitória do Flamengo, a paz, que parecida imperar na Gávea, deu uma sumida. O time - é bem verdade - ainda não perdeu, mas as vitórias, mesmo inconvincentes, ficaram para trás. O motivo pode ser atribuído a um relaxamento por já estar na final, ou então pelos desfalques, algo que pouco aconteceu com o time no primeiro turno.
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Crédito: Márcia Feitosa- Vipcomm |
Mas o ponto é que o veto a Adriano – que para o povão foi de Luxemburgo – somado aos três empates azedou o clima na Gávea. O Imperador é ídolo do rubro-negro. Creio que um menos passional não quisesse seu retorno, mas, como razão não combina muito com futebol, é a ínfima minoria.
Luxa acusa a politicagem do clube pelos últimos protestos, que pedem a sua saída. Também estranhei este tipo de manifestação, embora ache aceitável os gritos de “Adriano”, ainda mais para um time que não tem um centroavante. Quem sabe essa postura não possa ser traduzida em: “contrate um atacante decente que a gente para de falar Adriano?”
São totalmente compreensíveis as posições tanto Vanderlei Luxemburgo como a da presidente Patrícia Amorim. O primeiro deixando claro que não queria e não dando ouvidos ao apelo popular. Já a presidente não dizia nem que sim nem que não. Dessa forma não se queima com a torcida (ou queimava, já que Adriano agora é da Fiel), tampouco com Luxemburgo, o homem a quem ela entregou as chaves do departamento de futebol do clube.
Nesse imbróglio, não há quem esteja certo, nem errado, por enquanto. O mais provável que acontecesse é que Adriano fosse o mesmo da última vez. Tumultuando o ambiente fora de campo (faltando treino, chegando atrasado, inventando bolha no pé), mas dentro dava conta do recado, quase sempre. Tem gente que acha que vale a pena, outros não.
Entretanto, no futebol, a linha entre a idolatria e a execração é muito tênue. Adriano pode dar um título brasileiro – como deu – , mas também pode contribuir para que o time fracasse numa Libertadores, como contribuiu. Sem contar que perdeu um pênalti decisivo na final do Carioca. Apesar dos pesares, seu saldo é bem positivo. Para o alívio (ou não) do treinador, o Imperador já selou seu destino.
A questão é complexa, mas acima de Luxemburgo, de Adriano e do próprio desejo do torcedor (nem sempre a torcida sabe o que é melhor para o clube), está a instituição, que neste caso é representada pelo time de futebol. E esta está sendo a maior prejudicada.